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As Demandas de TIC e o Sistema S Para as TICS


Data: 19/06/2019

Por Márcio Ellery Girão Barroso em 19/06/2019

Este documento objetiva estabelecer um quadro de oportunidades de demandas das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC para apoio ao desenvolvimento do Brasil, na geração de riqueza e bem-estar da sociedade, tendo como pilares os artefatos tecnológicos e de inovação por elas apoiados.

A motivação é a defesa da proposta em Projeto de Lei – PL-10762/2018 em tramitação na Câmara dos Deputados para aprovação do Sistema S para as TICs a ser implementado pela Confederação Nacional de Tecnologia  da Informação e Comunicação – ConTIC, demonstrando que seu escopo permeia diversos e importantes segmentos da geração de tecnologia e inovação sendo, portanto, a mais legítima condutora dos recursos desse sistema para a capacitação intensiva e urgente, em TIC, dos brasileiros para enfrentar a competitividade internacional e, assim, garantir o merecido espaço do Brasil nas Nações desenvolvidas.

Para melhor justificar a abordagem do tema, os argumentos aqui apresentados se basearam em dois importantes documentos recentemente produzidos pelo MCTIC com a participação de mais de uma centena de entidades públicas e empresariais, inclusive da Fenainfo, federação que compõe a ConTIC, intitulados:

  • ENCTI – “Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – 2016-2022” e
  • EBTD – “Estratégia Brasileira para a Transformação Digital”

A propósito, o termo Transformação Digital representa um enorme esforço de digitalização da sociedade como o cerne da revolução tecnológica que se inicia, transformadora não apenas dos meios e métodos para geração de riqueza, mas o próprio comportamento das pessoas que a compõem.

Por isso, como preconiza a ENCTI, “Os países mais inovadores e competitivos são também aqueles nos quais é maior o investimento em formação e capacitação de recursos humanos de modo continuado.”

Além disso, o novo marco legal de CT&I deixa clara a importância e necessidade da formação e capacitação de recursos humanos qualificados em diversas áreas do conhecimento, incluindo as TIC.

Dessa forma, o que se defende aqui é que a utilização de um Sistema S para as TIC tem que permear todas as Áreas Estratégicas em seu precípuo objetivo de capacitação ampla na preparação dos profissionais, ensinando-os e reciclando-os, para a utilização dessas tecnologias, como um fim e, como um apoio aos outros processos tecnológicos e inovadores que serão demandados.

TEMAS ESTRATÉGICOS

Valendo-se dos textos de Temas Estratégicos elaborados no documento ENCTI, deixa-se claro, a seguir, esta permeabilidade das TIC. A horizontalidade e intercambialidade dessas tecnologias, implicam na capacitação de profissionais que atuam nas próprias empresas para o desenvolvimento de seus produtos inovadores. Tudo isso, indicando o mais adequado e efetivo modelo de centralização da gestão dessa capacitação sob a responsabilidade de quem congrega as empresas e entidades do setor.

AEROESPACIAL E DEFESA

As TIC cobrem as áreas de defesa, telecomunicações, levantamento e prospecção de recursos naturais, acompanhamento de alterações no meio ambiente, vigilância das fronteiras e costas marítimas, meteorologia e previsão do tempo e clima, combate a desastres naturais, redução das desigualdades regionais, e até mesmo de promoção da inclusão social, tornando-se necessário ao País dispor de dados e informações para atender a todas essas necessidades.

ÁGUA

Uso de TIC, por exemplo, a Internet das Coisas (IoT) pode reduzir consideravelmente o consumo de recursos naturais, a perda por evaporação em reservatórios e eliminar desperdícios.

A tecnologia de monitoramento, Big Data e Analytics e IA, são capazes de auxiliar, entre outros, na eficiência do uso da água para a produção de alimentos, desenvolvendo modelos numéricos que envolvam condições de solo, previsão meteorológica e demais aspectos relevantes, com vistas a melhorar sua distribuição.

A logística de distribuição de água no semiárido, com uso das TIC, ajuda a resolver graves problemas de irrigação e subsistência.

ALIMENTOS

As TIC atuam em toda a cadeia de produção alimentar, do plantio à preparação,

na automação e no desenvolvimento de sistemas produtivos integrados e sustentáveis.

BIOMAS E BIOECONOMIA

As TIC apoiam o monitoramento ambiental seja em levantamentos (ex, desmatamento observado no Cerrado em 2018 pelo INPE) ou em tempo real.

Empresas de base biotecnológica dependem de complexos algoritmos de TIC no apoio ao desenvolvimento de seus produtos.

CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS SOCIAIS

As TIC exercem capital papel no uso de novas tecnologias que contribuem para a inclusão social e para a redução das desigualdades de oportunidade e de inserção ocupacional. Nas tecnologias assistivas, por exemplo, as TIC são essenciais para a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais.

CLIMA

As TIC contribuirão no projeto estratégico previsto que promova o desenvolvimento de instrumentos e ferramentas que permitam o fornecimento de informações sobre

variabilidade climática, mudança do clima e seus impactos, permitindo subsidiar tomadas de decisão pelos governos e pelo setor privado.

ECONOMIA E SOCIEDADE DIGITAL

As TIC são indispensáveis para a economia global e a vida que, em sociedade, têm assumido um caráter cada vez mais digitalizado nas últimas décadas. As dimensões de produção, infraestrutura, monetização e trocas econômicas têm acompanhado a rápida digitalização das comunicações e do acesso à informação.

Seus temas compreendem, p. ex., conectividade, Internet das Coisas (IoT), big data, computação em nuvem, supercomputação, segurança cibernética e fomento a startups de tecnologia digital.

É essencial a ampliação da capacidade nacional de tratamento e mineração de grandes volumes de dados e incentivo ao desenvolvimento de plataformas e serviços para computação em nuvem.

As Cidades Inteligentes e a Cidadania Digital são também temas de vital importância na sociedade moderna.

ENERGIA

As TIC atuam nas tecnologias orientadas em toda a cadeia de produção e uso, de forma a garantir a segurança energética; no desenvolvimento de projetos de bioenergia e biocombustíveis; em todas as atividades do setor de o&g; na otimização de linhas de transmissão; na eficiência energética; nos processos da energia nuclear e; na redução de custos nos processos produtivos.

SAÚDE

As TIC, além de atuar em toda a cadeia de logística da saúde, tem participação essencial, incluindo ferramentas de IA, na saúde a distância e processos robóticos.

Preconiza-se forte atuação de empresas de TIC nos segmentos de saúde em substituição a métodos tradicionais, como, p. ex., na ortodontia onde já revoluciona o setor.

TECNOLOGIAS CONVERGENTES E HABILITADORAS

Este item, conforme descrito na ENCTI, resume a importância das TIC exemplificadas brevemente acima. Seguem alguns trechos:

A Convergência Tecnológica refere-se à combinação sinérgica de quatro grandes áreas do conhecimento: a Nanotecnologia, a Biotecnologia, as Tecnologias da Informação e da Comunicação e as Ciências Cognitivas (Neurociência).

Essas tecnologias, individualmente, já são capazes de introduzir modificações significativas na sociedade e no ambiente, e a combinação das quatro áreas poderá trazer modificações muito mais expressivas.

No âmbito das TIC, as soluções de Internet das Coisas em geral colaboram com conceito de tecnologia habilitadora, pois suas soluções terão impacto direto no aumento da produtividade e na forma de se relacionar entre as pessoas e os objetos possibilitando inúmeros novos serviços.

CONCLUSÃO

O documento citado EBTD, em sua introdução, define a importância do país se debruçar com toda urgência e determinação na utilização das TIC como pilar de seu desenvolvimento, alertando ao mesmo tempo para a necessidade crucial de fortes investimentos em capacitação de toda a sociedade nessas tecnologias, a exemplo dos países que assim já executam projetos nesses sentido.

“Aproveitar todo o potencial das tecnologias digitais para alcançar o aumento da produtividade, da competitividade e dos níveis de renda e emprego por todo o País, visando a construção de uma sociedade livre, justa e próspera para todos.”

“A economia do futuro será digital e deverá alcançar todos os brasileiros. A área digital tem se mostrado como um novo centro vital das modernas economias e os países líderes têm se posicionado de forma estratégica em relação ao tema.”

“Entre as prioridades das iniciativas de digitalização pelo mundo, estão a busca de competitividade em negócios digitais, digitalização de serviços públicos, criação de empregos qualificados na nova economia e políticas para uma educação melhor e mais avançada.”

“A importância da educação na Era Digital requer uma atitude proativa e decisiva do governo, das empresas e da sociedade sobre o tema.”

Concluindo, é compromisso estatutário da ConTIC a utilização do Sistema S para as TICs nas atividades de capacitação que envolvem demandas de todos os segmentos empresariais, ampliando, inclusive, os investimentos atuais e, em consonância com a entidades federativas e confederativas de cada setor envolvido na união de seus projetos para o desenvolvimento do Brasil.

Rio de Janeiro, 19 de junho de 2019

Márcio Ellery Girão Barroso

Empresário de TI; Membro Titular da CONTIC ; ex-Diretor da Finep ; ex-Presidente da Fenainfo; ex-Presidente da Sociedade Softex